Domingo foi um daqueles dias que se arrastaram melancólicos em que todos os sentimentos indesejados ganham uma proporção gigantesca.
Angústia, saudade, tristeza decepção viram monstros com as bocarras abertas prestes a nos engolir.
Num domingo assim, a tristeza pelo pé na bunda que pensávamos estar superado volta com força total, a frustração pela falta de reconhecimento por um trabalho bem feito é lembrada a todo instante, a rispidez do filho distante ao telefone faz com que pensemos até em morte – extremismo, eu sei, e passa logo. A idéia de morte não a mágoa.
E assim foi o domingo. O dia passou e não sei o que irrita Fernanda ou com quem conversou Marília.
Tampouco os filmes, os “longas”, prenderam minha atenção, então tentei as séries com seus tribunais, investigações e relações delicadas. Mas enquanto as imagens passavam diante dos meus olhos, na minha mente passava a vida.
Conversei comigo mesma e, confesso, o papo não foi dos melhores. Já estive em melhor companhia.
Atravessei o dia ansiando pelo seu fim, pelo anoitecer. Veio a noite, mas o sono perdeu-se pelo caminho; mais pensamentos sombrios na noite insone.
Mas, como drama não é meu gênero e, embora tenha meus ataques, tanto de choro quanto de riso e, mesmo não chegando à comédia, escolho a leveza
Veio o dia. Olho pela janela e, depois de pedir desculpas a Deus pelas palavras e pensamentos um tanto grosseiros, como uma Poliana meio passada, na idade e pelo cansaço da noite mal dormida penso: “Venci um domingo; não será uma segunda a me derrubar”.
E continuo sem saber o que tanto irrita Fernanda...
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