terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Da Minha Janela...

Da minha janela vejo o jovem que se arruma diante do espelho desalinhando os cabelos obedecendo a um modismo invertido, mas não por isso menos belo.
Vejo uma garota lutando com seus cachos, alisando-os e transformando-se numa cópia de tantas outras sem saber que assim fazendo abre mão do seu diferencial, arma mais poderosa e exuberante que aniquilaria as demais.
Viro a cabeça e surge no meu campo de visão a moça que olha ansiosa o relógio, preocupada com o atraso do namorado enquanto analisa o vestido cuidadosamente escolhido para agradá-lo, pois finalmente com esse o namoro será pra valer.
Passeio os olhos e deparo com a mulher aflita, cheirando a roupa tirada pelo marido para depois vasculhar seu celular buscando provas que não quer encontrar.
Constato, então, como é fácil da janela da minha vida observar o outro e ver tão claramente a solução de seus problemas, de suas aflições.
Com que tranqüilidade poderia dizer ao garoto como é belo com cabelos desarrumados ou não;
Dizer à menina dos cachos como são lindos e que use-os em seu favor;
Dizer à moça que espera ansiosa que ela é a essência e não o vestido e, invertidos esses valores, com certeza o que está errado é o namorado;
Dizer à mulher aflita que não corra atrás do que não quer encontrar perdendo momentos preciosos na busca de um sofrimento que talvez nem exista.
Quem dera conseguisse eu olhar para dentro da minha janela e, alertando-me para a vida que passa depressa, com a mesma segurança mostrar-me tantas verdades minhas...

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