sábado, 23 de janeiro de 2010

Triste Despedida

Ela mentalmente pedia-lhe que a livrasse daquele silêncio mais cruel que qualquer palavra que não nunca antes quisera ouvir.
Não por um sentimento menor que sempre abominou, como ele tão bem sabia, mas sim por ser melhor agora aquela detestável e peculiar gentileza, tão característica dele, que qualquer sinal de pena.
Gentileza contra a qual tantas vezes se rebelara, pois não era outra coisa senão frieza, rigidez. Desejava-a agora, pois mil vezes a gentileza formal que o silêncio de chumbo.
O rosto dele era uma máscara onde ela fixava o olhar na esperança de captar um tremor mesmo que involuntário, um erguer de sobrancelhas, um sinal de humanidade enfim.
Mas nada, a máscara pétrea permanecia; tão conhecida, tantas vezes observada. A máscara da impassividade, da não demonstração de sentimentos, que sempre fora para ele, motivo de orgulho.
Com pesar ela constatou que nada mudara.
Ele permaneceu imóvel, sem emoção, até mesmo naquele último minuto.
A despedida foi triste não pela emoção, mas pela ausência dela, como em tudo mais naquela vida.

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